Estou a crescer
Devagar,
Calma já lá vou ter
Que pressa de ver o tempo andar!
Já pensas-te que, o tempo não cessa
E que se alimenta de quem vive depressa
De quem vive a vida sem pensar, a correr
O tempo, é aquela besta faminta
Que te rouba aqueles que tu gostas,
Que tu sebes que nunca te vira as costas
Cais em ti, pensas que mal gozas-te a vida
E que já viste tantos que amas a partir
E reparas que em breve será a tua partida
Pois entretanto roubou-te mais uns tantos
Com meio século vês que já não resta nada
Levou-te tudo que amavas, na cama, na estrada
Mas... como é isso possível se mortos não choram
Já tens setenta as doenças estão-te a devorar
Com oitenta, as forças estão quase a acabar
Noventa, perdeste a batalha, e as forças acabaram
(M. Couto)